A EPAL organizou a conferência FOCUS ON OT dedicada a um dos temas mais críticos e atuais do nosso setor: a resiliência e continuidade dos serviços essenciais na era digital, com a parceria da CIONET e do projeto europeu ATHENA.

Vivemos tempos de desafios sem precedentes. A crescente digitalização das infraestruturas essenciais trouxe inegáveis benefícios em termos de eficiência e gestão, mas também expôs as nossas operações a novas e sofisticadas ameaças. Ciberataques, disrupções tecnológicas e riscos emergentes são agora uma realidade que devemos enfrentar com determinação, estratégia e cooperação.
Para a EPAL, como operador de serviços essenciais, é pois essencial colocar o foco nas Tecnologias Operacionais (OT) pois, enquanto as Tecnologias de Informação (IT) se focam na gestão e processamento de dados, é a OT que assegura a operacionalidade física das infraestruturas essenciais, como o abastecimento de água e a gestão da energia. Qualquer vulnerabilidade na OT pode ter impactos diretos na continuidade do serviço, tornando a sua proteção um elemento central na estratégia de cibersegurança. A integração eficaz entre OT e IT deve ser feita com uma visão de segurança reforçada, garantindo que a digitalização dos processos não compromete a resiliência operacional.
Telma Correia, Vogal do Conselho de Administração da EPAL e da Águas do Vale do Tejo, deu as Boas Vindas aos participantes, realçando a importância extrema do tema em debate para o futuro dos serviços essenciais, numa conferência promovida e apresentada por Alexandra Cristovão, DPO e Diretora de Sustentabilidade Empresarial da EPAL e da Águas do Vale do Tejo.
A transposição da Diretiva de Resiliência das Entidades Críticas para Portugal, foi o tema apresentado por João França Pestana, dos Sistema de Segurança Interna, trazendo impactos, desafios e exigências que devem ser incorporadas nas operações do dia-a-dia.
A cibersegurança no setor da água tem ganho uma relevância crescente, como o demonstrou José Reis, do Centro Nacional de Cibersegurança, ao abordar as tendências nacionais e internacionais de ciberameaças.
A apresentação de Natalie Oonk-Abrahams e Sebastiaan Schuemie, do projeto europeu ATHENA, destacou a importância da formação e capacitação dos profissionais como pilar fundamental da resiliência cibernética.
A (frequentemente esquecida) vertente humana da cibersegurança, foi o tema abordado por Torvald Ask, da Universidade de Østfold, da Noruega. A segurança digital não é apenas uma questão tecnológica – é, acima de tudo, um desafio humano, onde a consciencialização e a cultura organizacional desempenham um papel crítico.
As infraestruturas críticas são interdependentes e, o setor elétrico, parceiro estratégico do setor da água, também enfrenta desafios semelhantes, pelo que foi enriquecedor conhecer a perspetiva da E-Redes, através de Nuno Medeiros, que falou sobre a cibersegurança neste sector.
A transformação digital trouxe-nos da telegestão tradicional para a inteligência artificial, criando novas oportunidades, mas também novas vulnerabilidades e esta será uma reflexão conduzida por Sérgio Trindade, da Águas do Tejo Atlântico, que nos ajudou a compreender os riscos e oportunidades desta nova era digital.
Testar e aprimorar os nossos planos de resposta é um dos caminhos mais eficazes para aumentar a nossa resiliência operacional pelo que Bruno Nguyen, da Associação W-SMART, realçou a importância da realização de exercícios de crise em ambientes OT.
Por fim, uma visão prática e incisiva foi trazida por Hugo Ferreira, da Ethiack, que apresentou o hacking ético como ferramenta essencial para fortalecer a cibersegurança. Antecipar ameaças através de testes rigorosos permite-nos corrigir vulnerabilidades antes que possam ser exploradas por agentes maliciosos.
A conferência, que contou com cerca de 80 participantes reunidos na Estação Elevatória a Vapor dos Barbadinhos – Museu da Água, foi uma oportunidade ímpar de partilha de conhecimento, debate de soluções e reforço da colaboração entre todas as partes interessadas na segurança das nossas infraestruturas críticas. Apenas através do compromisso conjunto conseguiremos garantir a resiliência e continuidade dos serviços essenciais para a sociedade.
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